sábado, janeiro 21, 2012

Soundgarden - Down on the Upside


«Tal como um adulto pretensioso mas burro que só vê um filme se este tiver legendas, eu não ouvia nada que não estivesse encoberto pelo som alto e distorcido das guitarras eléctricas. De outro modo, como podia saber se a música valia alguma coisa? As canções que eram tocadas no piano, ou na guitarra acústica, por pessoas sem barba nem bigode (raparigas, por exemplo), por pessoas que comiam salada em vez de roedores podiam ser exemplos de música sem qualidade, a tentar enganar-me. Podiam ser pessoas a fingir que eram os Beatles quando não eram. Como havia de saber, se estivesse tudo assim encapotado? Não, era melhor pôr completamente de lado a questão da qualidade e da falta dela e, em vez disso, limitar-me à música para ouvir bastante alto. Bastante alto não podia enganar ninguém.»

Nick Hornby, em 31 Canções

Andava eu em busca do que era a música que gostava de ouvir, e pensava exactamente assim, mas ao contrário: se tivesse guitarras, era excluída. Foi uma época em que descobri quase toda a discografia do Sting e do Peter Gabriel, e rejeitei Pearl Jam e Nirvana. E foram bons professores, que me deixaram muitas recordações marcantes, autores que foram das bandas-sonoras de muitos episódios da minha vida.

Um certo Verão, estava eu de férias com a minha música, tive a oportunidade de estar com um amigo que vivia (e continua a viver) nos EUA, que tinha trazido com ele umas quantas cassetes com uma sonoridade um pouco mais pesada. Se os Guns'N'Roses nunca me conseguiram convencer e os Metallica ganharam o direito a ser ouvidos uma vez por ano, os Soundgarden convenceram-me totalmente. Passei o resto do Verão a absorver o Down On The Upside, assim que cheguei a Lisboa fui comprar o CD (à minha loja em Benfica, que mais uma vez não me desiludiu) e nem podia esperar por contar a novidade na escola.

É claro que a novidade só existia na minha cabeça, os Soundgarden já andavam aí há muito tempo e este até acabaria por ser o seu último álbum. Mas deixaram-me um Disco da Minha Vida e abriram as portas a muitas guitarras.

I must obey the rules
I must be tame and cool
No staring at the clouds
I must stay on the ground
In clusters of the mice
The smoke is in our eyes
Like babies on display
Like angels in a cage
I must be pure and true
I must contain my views
There must be something else
There must be something good
Far away
de boot camp




publicado originalmente no blog Os Discos das Nossas Vidas, pelo Dracul, a 29/Agosto/2005, mereceu os seguintes comentários:

J disse...
«I had a dog
He was a mix
He loved me like a God
But I was... just a kid»

Foi depois deste verão que deixaste de ser um gajo fixe, para passares a ser um gajo muito fixe :)

Kraak/Peixinho disse...
Audioslave?

Dracul disse...
Pois. Depois deste álbum só saiu mais um ou dois daqueles Best Of's para cumprir contrato e cada um fez-se à sua vida.
O Chris Cornell editou um álbum em nome próprio e depois acabou por se juntar aos Rage Against The Machine menos vocalista para formarem os Audioslave.
O Matt Cameron regressou aos Pearl Jam, muitos anos depois.
E aos outros não sei bem o que lhes aconteceu...

Chimaera disse...
Ora foi precisamente esse álbum a solo que me deu a conhecer a voz quente e "excitante" do Chris. Na altura do grunge andava mais numa onda electrónica... mas depois conheci o rock e fiquei fan das guitarras...para sempre! Agora sou vidrada em Soundgarden (e tb em Audioslave), Pearl Jam Nirvana etc. Boa escolha!

J disse...
(Continuando o comentário do Dracul)

O baixista, Ben Shepherd, e o guitarrista, Kim Thayil, têm andado a dar uma mãozinha em várias bandas e projectos (Wellwater Conspiracy, Brotherhood of Electric - com Matt Cameron - Mark Lanegan Band, Hater, Pigeonhead, Presidents of the United States of America), mas sempre de passagem.

Kraak/Peixinho disse...
Ena! Este blog começa efectivamente a ter mais pinta! Estou a gostar das contribuições!

:)

Dracul disse...
Há que ter fé.
E nunca desistir das coisas (e das pessoas) em que acreditamos.
(Comentário filosófico sem grandes ambições)
:)

Ai aqueles dias em que a melhor música do mundo era o Peaches, dos Presidents of the United States of America...

musikfreak disse...
Em breve tou de volta...
Sim porque se fisicamente já cá tou em mente ainda estou de férias!!! Ando tão preguiçosa.... Não me apetece postar nada, não me apetece comentar... E vocês continuam com contribuições excelentes neste e noutros blogues. Bom pode ser que após a festarola deste fim-de-semana tudo volte ao normal! Assim se vê a força.... whatever....

musikfreak disse...
De facto para mim Soundgarden estará sempre associado à voz inconfundível de Chris Cornell que se no trabalho a solo me convenceu totalmente (aliás foi um DNV durante algum tempo para mim... talvez ainda poste qualquer coisa sobre o assunto.), já com Audioslave, apesar de gostar, não o ouço com muita frequência. Mas Soundgarden será sempre Soundgarden!

Atomo! disse...
'BadMotorfinger' seria o que eu elegeria como o meu favorito dos Soundgarden (de facto um dos melhores albuns dos 90s)e um dos mais fieis ao melhor som dessa banda... mas gostos não se discutem.;)

bom blog!

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