É hoje que vamos poder ouvir pela primeira vez os sons do novo álbum de Bulllet, prestes a chegar às lojas, com o título de "Torch Songs For Secret Agents".
Armando Teixeira e companhia apresentam-se para um concerto no Santiago Alquimista, em Lisboa, a partir das 23h, onde estaremos para vibrar com a música do agente secreto mais conhecido da música portuguesa.
O giradiscos não dá bilhetes (basta 5€ para entrar) mas apoia este concerto, de que faremos eco algumas horas depois.
Até lá!
sexta-feira, abril 30, 2004
domingo, abril 25, 2004
Rain Dogs
«Lembro-me de o ter deixado em cima da aparelhagem durante semanas, até ao dia em que me lembrei do o devolver à Augusta. Preparava-me para o arrumar antes de sair, quando resolvi que devia ouvir pelo menos um bocadinho enquanto me acabava de arranjar, não fosse a moça perguntar-me por uma opinão que não tinha formada.
Foi o melhor gesto de cortesia que alguma vez poderia ter demonstrado... O piano enebriado de Tom Waits, velho e sujo, com as teclas bem saboreadas, acompanhado por aquela voz ímpar e por uma percurssão invulgarmente bizarra fizeram-ma parar de espanto. Sentei-me na cama. Nunca uma música me tinha dito tanto à primeira escuta.»
do blog O Manancial da Noite.
é sempre bom encontrar outros devotos do Tom
sábado, abril 24, 2004
Terrakota com novo álbum
Os Terrakota estão de volta ao activo. "Humus Sapiens", o segundo álbum da banda, tem data de lançamento prevista para 31 de Maio. Entretanto os Terrakota continuam em digressão, percorrendo diversas queimas das fitas do país, e também com três concertos no estrangeiro confirmados: França, Alemanha e Espanha.
sexta-feira, abril 23, 2004
AENIMA ao vivo no Lótus Bar
Foi um tímido Lotus Bar que recebeu os Aenima para a sua estreia em Cascais, a noite passada. Éramos perto de 40 pessoas quando, perto da meia-noite, esta banda portuguesa que já anda por cá desde 1999 e já passou por palcos de festivais na Alemanha, surgiu em palco. O público, que foi aumentando a pouco e pouco ao longo da noite, manteve-se sempre à distância, deixando o espaço em frente ao palco vazio durante todo o concerto.
Os Aenima, no entanto, não se deixaram intimidar, e apresentaram uma actuação que em muitos momentos nos aproximou de um subtil transe emocional. Nesse caminho pudemos ouvir canções recortadas a duas guitarras eléctricas e um baixo poderoso, mas também em formato acústico, com a utilização ocasional das teclas e até de uma flauta. O factor que porém mais nos cativa e deixa envolver é a voz de Carmen, vocalista e inspiração do grupo. Apesar de também haver lugar para alguns temas instrumentais, é ali que os Aenima mostram a sua garra e criam a dúvida: conseguirá a próxima música ser ainda mais intensa?
Já depois de terem regressado ao palco uma vez, a banda deu por terminada a actuação aproximadamente uma hora e vinte após o seu começo, e eu, que nunca sequer tinha ouvido falar deles, fiquei mais que convencido. Com os elementos da banda em festa ruidosa nos bastidores, só restava esperar por um reencontro em breve.
Vão procurando na agenda de concertos as próximas actuações dos Aenima.
Lotus Bar (Cascais), 22/04/2004
Texto: Dracul / Foto de arquivo: Aenima website.
Os Aenima, no entanto, não se deixaram intimidar, e apresentaram uma actuação que em muitos momentos nos aproximou de um subtil transe emocional. Nesse caminho pudemos ouvir canções recortadas a duas guitarras eléctricas e um baixo poderoso, mas também em formato acústico, com a utilização ocasional das teclas e até de uma flauta. O factor que porém mais nos cativa e deixa envolver é a voz de Carmen, vocalista e inspiração do grupo. Apesar de também haver lugar para alguns temas instrumentais, é ali que os Aenima mostram a sua garra e criam a dúvida: conseguirá a próxima música ser ainda mais intensa?
Já depois de terem regressado ao palco uma vez, a banda deu por terminada a actuação aproximadamente uma hora e vinte após o seu começo, e eu, que nunca sequer tinha ouvido falar deles, fiquei mais que convencido. Com os elementos da banda em festa ruidosa nos bastidores, só restava esperar por um reencontro em breve.
Vão procurando na agenda de concertos as próximas actuações dos Aenima.
Lotus Bar (Cascais), 22/04/2004
Texto: Dracul / Foto de arquivo: Aenima website.
domingo, abril 18, 2004
A Magia de NITIN SAWHNEY
Não foi um Coliseu de Lisboa completamente cheio que recebeu Nitin Sawhney, mas tinha o número de pessoas suficiente para parecer que o estava...
Com o decorrer das primeiras músicas, Nitin foi chamando e apresentando, um a um, os convidados que trouxe consigo até terras lusas. Nesta fase ainda existia a esperança de ouvir algo em português além dos habituais “obrigado”’s. Mas os convidados foram entrando… e Nina Miranda não era um deles…
As músicas, as vozes, uma atrás de outra, foram envolvendo cada vez mais o público. As imagens que iam passando na tela colocada ao fundo do palco faziam o resto.
O primeiro grande “bruá” do público surgiu com cerca de 20 minutos de concerto, quando se deram os primeiros acordes de “Letting Go”…
O público já estava conquistado, mas o melhor chegou com “Homelands”. No início da música comentava, “e agora o que fazem à parte em português?”. Quando no decorrer da música se ouve um “Força Lisboa” foi o delírio. Não era Nina Miranda, mas sim Tina Grace, que como se não bastassem as fantásticas actuações em “Letting Go” e “Fragile Wind”, cantou o pedaço de português contido na música. Mágico…
Melhor que isto era impossível… e o concerto foi continuando, sendo os álbuns mais contemplados em termos de músicas o “Human” e o “Beyond Skin”.
“The Conference” incendeia de novo o público com os seus “takedidá”’s acompanhados de impressionantes batidas…
Um encore… Dois encores… Este último de uma só música. Imaginem qual… Não sei se já estava programado com esta ou se foi o resultado do entusiasmo do público… “Homelands” foi tocada novamente, o que permitiu um final quase apoteótico do concerto…
Acho que não devia haver ninguém insatisfeito dentro do Coliseu no final do concerto após uma viagem de 1h40m com paragem em diversos pontos do mundo…
Pessoalmente, acho que só faltou o “Nadia” para ser atingida a perfeição. Música que até serviria para aproveitar melhor o potencial da convidada que fazia as partes femininas em indiano.
Em suma, faltou o “sold out” à porta do Coliseu...
Coliseu de Lisboa, 17/04/04
Texto: PedroP / Foto: Nitin Sawhney website
Com o decorrer das primeiras músicas, Nitin foi chamando e apresentando, um a um, os convidados que trouxe consigo até terras lusas. Nesta fase ainda existia a esperança de ouvir algo em português além dos habituais “obrigado”’s. Mas os convidados foram entrando… e Nina Miranda não era um deles…
As músicas, as vozes, uma atrás de outra, foram envolvendo cada vez mais o público. As imagens que iam passando na tela colocada ao fundo do palco faziam o resto.
O primeiro grande “bruá” do público surgiu com cerca de 20 minutos de concerto, quando se deram os primeiros acordes de “Letting Go”…
O público já estava conquistado, mas o melhor chegou com “Homelands”. No início da música comentava, “e agora o que fazem à parte em português?”. Quando no decorrer da música se ouve um “Força Lisboa” foi o delírio. Não era Nina Miranda, mas sim Tina Grace, que como se não bastassem as fantásticas actuações em “Letting Go” e “Fragile Wind”, cantou o pedaço de português contido na música. Mágico…
Melhor que isto era impossível… e o concerto foi continuando, sendo os álbuns mais contemplados em termos de músicas o “Human” e o “Beyond Skin”.
“The Conference” incendeia de novo o público com os seus “takedidá”’s acompanhados de impressionantes batidas…
Um encore… Dois encores… Este último de uma só música. Imaginem qual… Não sei se já estava programado com esta ou se foi o resultado do entusiasmo do público… “Homelands” foi tocada novamente, o que permitiu um final quase apoteótico do concerto…
Acho que não devia haver ninguém insatisfeito dentro do Coliseu no final do concerto após uma viagem de 1h40m com paragem em diversos pontos do mundo…
Pessoalmente, acho que só faltou o “Nadia” para ser atingida a perfeição. Música que até serviria para aproveitar melhor o potencial da convidada que fazia as partes femininas em indiano.
Em suma, faltou o “sold out” à porta do Coliseu...
Coliseu de Lisboa, 17/04/04
Texto: PedroP / Foto: Nitin Sawhney website
GURU ao vivo no SpeakEasy
O bar SpeakEasy recebeu, a noite passada, a actuação dos Guru. Para uma casa bem composta, com as pessoas presentes divididas entre uns dedos de conversa e a atenção dada ao que se passava em palco, a actuação dos Guru surpreendeu pela energia transmitida, pelo reportório escolhido e pelas excelentes adaptações que fizeram de material alheio.
Banda de 5 elementos em palco e com uma forte secção rítmica (duas baterias e um baixo), o principal destaque vai, no entanto, para o vocalista, Luis Carvalho, que não se rogou a mostrar até onde conseguia levar a sua voz. Nos mais variados géneros musicais, em sequências calmas e noutras mais aceleradas, os seus limites (bem elevados) eram sempre atingidos, para gáudio do público, que vibrava com estes delírios vocais.
O reportório de músicas escolhidas pelos Guru para interpretar esta noite foi muito variado e bem recebido. Desde Sting a Jamiroquai, passando pelos Beatles e "7 seconds", de Youssou N'Dour e Neneh Cherry, foi um perfeito desfilar de memórias, enriquecido pela forma como os Guru as interpretaram.
Constituído por Luis Carvalho (guitarra e voz) , Ivo (bateria), Ricardo (teclas) e Nuno Oliveira (baixo), e com a presença de um quinto elemento na 2ª bateria e percussões, os Guru mostraram vontade de inovar e ir mais longe.
Para a 3ª e última parte estavam reservadas algumas surpresas, presumivelmente com a presença de alguns elementos do concurso "Operação Triunfo" (que se encontravam no local) em palco, mas a reportagem giradiscos terminou no final da 2ª parte.
Guru: uma banda a seguir com atenção, com a recomendação do giradiscos.
SpeakEasy, 17/04/04
Texto: Dracul
Banda de 5 elementos em palco e com uma forte secção rítmica (duas baterias e um baixo), o principal destaque vai, no entanto, para o vocalista, Luis Carvalho, que não se rogou a mostrar até onde conseguia levar a sua voz. Nos mais variados géneros musicais, em sequências calmas e noutras mais aceleradas, os seus limites (bem elevados) eram sempre atingidos, para gáudio do público, que vibrava com estes delírios vocais.
O reportório de músicas escolhidas pelos Guru para interpretar esta noite foi muito variado e bem recebido. Desde Sting a Jamiroquai, passando pelos Beatles e "7 seconds", de Youssou N'Dour e Neneh Cherry, foi um perfeito desfilar de memórias, enriquecido pela forma como os Guru as interpretaram.
Constituído por Luis Carvalho (guitarra e voz) , Ivo (bateria), Ricardo (teclas) e Nuno Oliveira (baixo), e com a presença de um quinto elemento na 2ª bateria e percussões, os Guru mostraram vontade de inovar e ir mais longe.
Para a 3ª e última parte estavam reservadas algumas surpresas, presumivelmente com a presença de alguns elementos do concurso "Operação Triunfo" (que se encontravam no local) em palco, mas a reportagem giradiscos terminou no final da 2ª parte.
Guru: uma banda a seguir com atenção, com a recomendação do giradiscos.
SpeakEasy, 17/04/04
Texto: Dracul
sábado, abril 17, 2004
Festival Tejo 2004 já mexe
Aí estão as primeiras bandas anunciadas para o Festival Tejo deste ano. Marcado para o fim de semana de 23 a 25 de Julho, e de volta à Valada (Cartaxo) depois da passagem pela Azambuja no ano passado (as duas localidades acolhem este festival alternadamente), o cartaz já anunciado mostra mais uma vez a aposta na música nacional.
Xutos & Pontapés, Clã, Loto, Zedisaneonlight (na imagem), Dealema, Ramp e Tara Perdida são as bandas confirmadas neste momento, num evento que normalmente acolhe 6/7 actuações por noite. Todos os que se deslocarem ao Ribatejo para esta festa da música nacional poderão também assistir a sessões de cinema e teatro e participar numa série de workshops. Terão também à sua disposição um parque de campismo de utilização gratuita.
O preço dos bilhetes também já foi anunciado: 13 euros por um bilhete de um dia e 25 euros para os três dias.
Estamos lá!
Xutos & Pontapés, Clã, Loto, Zedisaneonlight (na imagem), Dealema, Ramp e Tara Perdida são as bandas confirmadas neste momento, num evento que normalmente acolhe 6/7 actuações por noite. Todos os que se deslocarem ao Ribatejo para esta festa da música nacional poderão também assistir a sessões de cinema e teatro e participar numa série de workshops. Terão também à sua disposição um parque de campismo de utilização gratuita.
O preço dos bilhetes também já foi anunciado: 13 euros por um bilhete de um dia e 25 euros para os três dias.
Estamos lá!
sexta-feira, abril 16, 2004
6º Concurso de Música Moderna de Santa Maria da Feira - Rocktaract
Começa hoje, com a realização da primeira de três eliminatórias, o 6º Concurso de Música Moderna de Santa Maria da Feira, Rocktaract. Com o Cine-teatro António Lamoso como cenário, cada eliminatória contará com a participação de quatro bandas a concurso, mais a actuação de uma banda e dj convidados.
Uma das bandas concorrentes são os já aqui referidos Nagual, por ocasião da 1ª parte do concerto de Primitive Reason no Paradise Garage.
Programa completo:
16 Abril - 21h30
1ª Eliminatória - Dioz, Puny, The Face, New Connection + Banda Convidada (a designar) + DJ Vítor Hugo
17 Abril - 21h30
2ª Eliminatória - Flunk, Rope, Sutzu, Sahib + The Ultimate Architects + DJ Ricardo Cardoso
23 Abril - 21h30
3ª Eliminatória - Dispatch Note, Nagual, Tetanus, The Nutty Pea + Big Fat Mamma + DJ Alcides Campos – XPTO_NTV
24 Abril - 21h30
FINAL - 4 bandas finalistas + Dealema + DJ Álvaro Costa
Uma das bandas concorrentes são os já aqui referidos Nagual, por ocasião da 1ª parte do concerto de Primitive Reason no Paradise Garage.
Programa completo:
16 Abril - 21h30
1ª Eliminatória - Dioz, Puny, The Face, New Connection + Banda Convidada (a designar) + DJ Vítor Hugo
17 Abril - 21h30
2ª Eliminatória - Flunk, Rope, Sutzu, Sahib + The Ultimate Architects + DJ Ricardo Cardoso
23 Abril - 21h30
3ª Eliminatória - Dispatch Note, Nagual, Tetanus, The Nutty Pea + Big Fat Mamma + DJ Alcides Campos – XPTO_NTV
24 Abril - 21h30
FINAL - 4 bandas finalistas + Dealema + DJ Álvaro Costa
sexta-feira, abril 09, 2004
GHOST IN THE MACHINE ao vivo no Santiago Alquimista
Mais uma paragem na digressão que os Ghost in the Machine estão a fazer por todo o país, desta vez no Santiago Alquimista. Mais que um simples bar, este é um espaço que está a ganhar cada vez mais adeptos, tanto entre o público como entre os músicos, como um local preferencial para a realização de concertos, e isso mesmo foi referido pelo vocalista da banda, Pedro Henriques. Foi aqui que os Ghost aproveitaram para recolher mais algumas imagens, gravações vídeo que já têm decorrido noutros concertos, e que poderão indicar a edição de um dvd com actuações da banda, mas ainda sem qualquer confirmação definitiva.
Foi então para uma sala com muitas caras conhecidas dos elementos da banda, mas acima de tudo, com um público ávido pela sua música, que os Ghost subiram ao palco, por volta das 23h30. Após um curto instrumental, os 5 elementos encontram-se já no palco quando ouvimos o início de "The Eyes of Indian Love", faixa que é também a 1ª do álbum que motiva esta digressão, "#2 (humanize)". Como o nome indica, este é o 2º álbum da banda, que também já tinha editado um 1º disco em edição de autor, naturalmente intitulado "#1". É neste registo que estão incluídas as 2 canções seguintes no alinhamento desta noite, "Travelling in Warp Seed" e "R. Love": «this is real love», repete Pedro Henriques até à exaustão.
«am i the only listener?», ouve-se em "Displaced", de volta ao 2º álbum e com Tiago Dias (bateria) e João Moreira (teclas e programações) a marcarem o passo, antes duma prenda que nos é entregue pouco depois, na forma de uma música inédita ("Being Human"?), também ela marcada pela programação, e que convence à primeira.
"Ocean Mirror" é uma das minhas preferidas, e apesar de parecer mais calma, envolve a voz e todos os instrumentos numa espiral que a todos hipnotiza, «all over now, all over you». É a deixa para a história de um homem estranhamente solitário, que caminha pelas ruas com a sua chama. Consigo traz luzes psicadélicas, volume bem alto, 1 vocalista aos pulos e muita energia: "The Man Who Walks Alone With a Flame of His Own", música que, juntamente com a anterior, marca presença em ambos os álbuns da banda.
"The Beginning of It" acalma novamente os ânimos e parece que só haverá mais uma música. Com pedidos de mais e com a energia que essa música trouxe, nem retive o seu nome (o que só pode ser bom sinal). Uma assistência rendida, a promessa de algo mais, e a surpresa desfeita aos primeiros acordes, muito saborosa: uma versão de "Girls on Film", dos Duran Duran, muito bem interpretada/transformada, que marca o perfeito final de concerto, mas com um inevitável sabor a pouco.
De realçar também o muito bom desempenho de Gonçalo Santos (baixo) e Henrique Caeiro (guitarra), num conjunto que demonstra já muita segurança em palco, e que mostra estar preparado para todos os desafios. Principalmente o de nos proporcionar grandes concertos. Ghost in the Machine, uma banda sempre acompanhada de perto pelo giradiscos, e que decerto nos trará ainda muitos e bons momentos musicais.
Texto: Dracul / Foto: Hugo Amaral (Divergências).
Foi então para uma sala com muitas caras conhecidas dos elementos da banda, mas acima de tudo, com um público ávido pela sua música, que os Ghost subiram ao palco, por volta das 23h30. Após um curto instrumental, os 5 elementos encontram-se já no palco quando ouvimos o início de "The Eyes of Indian Love", faixa que é também a 1ª do álbum que motiva esta digressão, "#2 (humanize)". Como o nome indica, este é o 2º álbum da banda, que também já tinha editado um 1º disco em edição de autor, naturalmente intitulado "#1". É neste registo que estão incluídas as 2 canções seguintes no alinhamento desta noite, "Travelling in Warp Seed" e "R. Love": «this is real love», repete Pedro Henriques até à exaustão.
«am i the only listener?», ouve-se em "Displaced", de volta ao 2º álbum e com Tiago Dias (bateria) e João Moreira (teclas e programações) a marcarem o passo, antes duma prenda que nos é entregue pouco depois, na forma de uma música inédita ("Being Human"?), também ela marcada pela programação, e que convence à primeira.
"Ocean Mirror" é uma das minhas preferidas, e apesar de parecer mais calma, envolve a voz e todos os instrumentos numa espiral que a todos hipnotiza, «all over now, all over you». É a deixa para a história de um homem estranhamente solitário, que caminha pelas ruas com a sua chama. Consigo traz luzes psicadélicas, volume bem alto, 1 vocalista aos pulos e muita energia: "The Man Who Walks Alone With a Flame of His Own", música que, juntamente com a anterior, marca presença em ambos os álbuns da banda.
"The Beginning of It" acalma novamente os ânimos e parece que só haverá mais uma música. Com pedidos de mais e com a energia que essa música trouxe, nem retive o seu nome (o que só pode ser bom sinal). Uma assistência rendida, a promessa de algo mais, e a surpresa desfeita aos primeiros acordes, muito saborosa: uma versão de "Girls on Film", dos Duran Duran, muito bem interpretada/transformada, que marca o perfeito final de concerto, mas com um inevitável sabor a pouco.
De realçar também o muito bom desempenho de Gonçalo Santos (baixo) e Henrique Caeiro (guitarra), num conjunto que demonstra já muita segurança em palco, e que mostra estar preparado para todos os desafios. Principalmente o de nos proporcionar grandes concertos. Ghost in the Machine, uma banda sempre acompanhada de perto pelo giradiscos, e que decerto nos trará ainda muitos e bons momentos musicais.
Texto: Dracul / Foto: Hugo Amaral (Divergências).
THE POPPERS vencem Festival de Música Moderna de Corroios
Os THE POPPERS venceram o IX Festival de Música Moderna de Corroios.
Banda nascida em 2002 e já com vários concertos realizados em Lisboa, Barreiro, Montijo e Arganil, esta banda constituída por Nuno Jesus (guitarra), Nuno Santos (baixo), Luís Raimundo (voz) e Pedro Candeias (bateria), viu o seu talento reconhecido em mais uma edição deste Festival. Já com participações nas finais de concursos em Sintra e Miranda do Douro, foi desta que receberam o prémio máximo do júri, deixando em 2º lugar ex-aequo os Triplet (Lisboa) e os Doink (V. N. Gaia).
A banda prepara-se agora para editar o EP de 5 temas decorrente da vitória neste concurso.
mais informações no site da associação Move-a-Mente
Foto: Move-a-Mente
terça-feira, abril 06, 2004
Yellow W Van com novo álbum
O novo álbum dos Yellow W Van, Ninguém Faz Filmes De Olhos Abertos, já tem datas de lançamento. A 12 de Abril o disco estará disponível nas lojas. A 19 de Abril, a banda apresenta o novo trabalho ao vivo no Santiago Alquimista, em Lisboa.
segunda-feira, abril 05, 2004
ZERO 7 ao vivo no Coliseu dos Recreios
As dúvidas eram algumas. Dada a proliferação de concertos e festivais, e devido ao "não entusiasmo" que o 2º álbum me despertou (é certo que apenas desde 6ª feira), questionava-me como seria a prestação dos Zero 7 e o ambiente no Coliseu de Lisboa.
A primeira dúvida começou a ser esclarecida assim que me aproximei do Coliseu. Gente, muita e variada, dirigia-se calmamente para a Rua das Portas de Santo Antão. O ambiente não parecia comprometedor. Lá dentro, um DJ de nome desconhecido (pelo menos para mim e até agora) ia desfilando um som descontraído, com um ligeiro toque de dub e batidas de leve cadência.
Não passou totalmente despercebido, mesmo com uma postura discreta e descomprometida, e arrancou o primeiro aplauso da noite aquando da sua despedida ligeira.
A noite propriamente dita começou morna, apesar de "Warm Sound" ter sido o tema de abertura dos Zero 7. O primeiro vocalista da noite, Mozez, não deixa contudo os seus créditos em mãos alheias e começa a desfilar uma solidez de voz e postura que não vacilou por um momento nas suas diversas aparições da noite. O resto da banda começou também a dar uma imagem que creio ser difícil de desmentir. Parecem-me acima de tudo uns tipos bem dispostos que procuram sons suaves ao ouvido, com uma simplicidade acima de tudo enganadora (pois como dizia Sérgio Godinho, a simplicidade conquista-se…).
A segunda voz (na função e na noite), de Yvonne John Lewis, foi, numa palavra, competente. Fez o que tinha a fazer. E bem. A sua posição neste enredo não a inibiu (felizmente) de improvisar, o que ilustra bem como a simplicidade se conquistou na cruzada dos Zero 7. É que Yvonne seria uma excelente "leading vocal" numa qualquer outra história. Talvez até nesta.
Talvez a principal responsável da tépida temperatura que se fez sentir numa primeira fase tenha sido Tina Dico. Não que tenha má voz (que não tem), mas o brilhantismo que fez vender muitas cópias de "Simple Things" (ainda) não se alcança com ela na liderança dos temas.
E se as dúvidas ainda poderiam persistir quando as comparações no palco se mantinham na dupla Mozez/Lewis, primeiro Sophie Barker (com um memorável "Waiting Line" a 3 e quase acústico) e depois a avassaladora Sia Furler colocaram-lhe um ponto final. Sia é perfeita demais para ser verdade. Com ela tudo mudou. A banda encontrou claramente a liderança vocal feminina que o conjunto teclas/guitarra/baixo/electrónica necessitava para a sua brilhante (e nunca é demais referir, enganadoramente simples) componente "melódica". Os sons de ambiente e luminosidade azul no fundo do palco encontravam no amarelo brilhante da voz de Sia o ingrediente decisivo para que esta não fosse apenas uma banda/noite interessante.
Os improvisos de Dedi Madeen na guitarra, e creio que de Neil Cowley nas teclas, iam desfiando a simplicidade pop, por vezes quase a roçar o jazz. Jereny Stacey provou que a bateria mais "musculada" ao vivo que na produção de estúdio não é uma opção a descartar. E talvez estes possam ser pontos a aprofundar no futuro, para que "Simple Things" não se torne a âncora da banda.
O som flutuava conjuntamente com o inevitável fumo, e o concerto apesar de curto, não me desiludiu. Pelo contrário. Os dois "encores" apenas serviram para me aguçar o apetite de um novo álbum.
Finalmente, e se em "Destiny" poderá ter ficado a sensação de «demasiada gente a cantar para este som», Sia (mais uma vez) fez-nos vir para casa com "Distractions" a atravessar-nos o espírito de forma agradavelmente insistente. A melancolia da letra, e até da melodia, não pareceu afectar os espíritos do Coliseu. Com o regresso da luzes trocavam-se sobretudo sorrisos. Acima de tudo, uns tipos de bem com a vida…
Ao todo foram 11 em palco. E como Mozez tão bem sugeriu: «you can dance!».
Texto: jq / Fotos: Dracul
A primeira dúvida começou a ser esclarecida assim que me aproximei do Coliseu. Gente, muita e variada, dirigia-se calmamente para a Rua das Portas de Santo Antão. O ambiente não parecia comprometedor. Lá dentro, um DJ de nome desconhecido (pelo menos para mim e até agora) ia desfilando um som descontraído, com um ligeiro toque de dub e batidas de leve cadência.
Não passou totalmente despercebido, mesmo com uma postura discreta e descomprometida, e arrancou o primeiro aplauso da noite aquando da sua despedida ligeira.
A noite propriamente dita começou morna, apesar de "Warm Sound" ter sido o tema de abertura dos Zero 7. O primeiro vocalista da noite, Mozez, não deixa contudo os seus créditos em mãos alheias e começa a desfilar uma solidez de voz e postura que não vacilou por um momento nas suas diversas aparições da noite. O resto da banda começou também a dar uma imagem que creio ser difícil de desmentir. Parecem-me acima de tudo uns tipos bem dispostos que procuram sons suaves ao ouvido, com uma simplicidade acima de tudo enganadora (pois como dizia Sérgio Godinho, a simplicidade conquista-se…).
A segunda voz (na função e na noite), de Yvonne John Lewis, foi, numa palavra, competente. Fez o que tinha a fazer. E bem. A sua posição neste enredo não a inibiu (felizmente) de improvisar, o que ilustra bem como a simplicidade se conquistou na cruzada dos Zero 7. É que Yvonne seria uma excelente "leading vocal" numa qualquer outra história. Talvez até nesta.
Talvez a principal responsável da tépida temperatura que se fez sentir numa primeira fase tenha sido Tina Dico. Não que tenha má voz (que não tem), mas o brilhantismo que fez vender muitas cópias de "Simple Things" (ainda) não se alcança com ela na liderança dos temas.
E se as dúvidas ainda poderiam persistir quando as comparações no palco se mantinham na dupla Mozez/Lewis, primeiro Sophie Barker (com um memorável "Waiting Line" a 3 e quase acústico) e depois a avassaladora Sia Furler colocaram-lhe um ponto final. Sia é perfeita demais para ser verdade. Com ela tudo mudou. A banda encontrou claramente a liderança vocal feminina que o conjunto teclas/guitarra/baixo/electrónica necessitava para a sua brilhante (e nunca é demais referir, enganadoramente simples) componente "melódica". Os sons de ambiente e luminosidade azul no fundo do palco encontravam no amarelo brilhante da voz de Sia o ingrediente decisivo para que esta não fosse apenas uma banda/noite interessante.
Os improvisos de Dedi Madeen na guitarra, e creio que de Neil Cowley nas teclas, iam desfiando a simplicidade pop, por vezes quase a roçar o jazz. Jereny Stacey provou que a bateria mais "musculada" ao vivo que na produção de estúdio não é uma opção a descartar. E talvez estes possam ser pontos a aprofundar no futuro, para que "Simple Things" não se torne a âncora da banda.
O som flutuava conjuntamente com o inevitável fumo, e o concerto apesar de curto, não me desiludiu. Pelo contrário. Os dois "encores" apenas serviram para me aguçar o apetite de um novo álbum.
Finalmente, e se em "Destiny" poderá ter ficado a sensação de «demasiada gente a cantar para este som», Sia (mais uma vez) fez-nos vir para casa com "Distractions" a atravessar-nos o espírito de forma agradavelmente insistente. A melancolia da letra, e até da melodia, não pareceu afectar os espíritos do Coliseu. Com o regresso da luzes trocavam-se sobretudo sorrisos. Acima de tudo, uns tipos de bem com a vida…
Ao todo foram 11 em palco. E como Mozez tão bem sugeriu: «you can dance!».
Texto: jq / Fotos: Dracul
domingo, abril 04, 2004
FESTA DO BLOCO: Terrakota, Rádio Macau, Sloppy Joe, Chullage, Legendary Tiger Man
Ontem decorreu o segundo e último dia da Festa do Bloco, com uma mão cheio de concertos, e o giradiscos esteve lá.
Legendary Tiger Man
Fuck Christmas, Fuck Easter, I got the Blue's Machine. Paulo Furtado é o verdadeiro "One man band", e ontem demonstrou-o mais uma vez. Sem se incomodar com quem ainda jantava (aliás, a música ajudava a empurrar a comidinha), Tiger Man deu um show que ia atraindo cada vez mais espectadores. O concerto, que contou com o habitual convidado especial, Zé Pedro (Xutos & Pontapés), terminou em grande, e nem o facto de não terem acedido ao pedido de desligar as luzes do pavilhão estragou a boa performance (Desculpa lá Tiger, mas o pessoal tem que ver o que leva à boca). Este sim, é o verdadeiro Tigrão!!!
Nota para futuros concertos: Pessoal, este homem gosta de calor humano. No próximo concerto cheguem-se à frente logo de início.
Chullage
"Para todos os oprimidos que o querem deixar de ser", Chullage tem a receita. O MC do Seixal apresentou música de intervenção numa forma especial e sua. A mensagem está lá, e Chullage demonstra que é necessário adaptar a forma como se passa essa mensagem, a uma realidade em constante mutação. A dedicatória de um pequeno refrão a George W. Bush caiu bem no público, que a partir daí animou. Ladeado por boas vozes e DJ (apesar do pequeno percalço, mas que deu para soltar uns risos entre o público), Chullage aqueceu um palco principal ainda frio, e desentorpeceu os músculos do público, preparando-os para o que se seguiria.
Sloppy Joe
Num dos pontos altos da noite, os Sloppy Joe vieram a Lisboa divulgar Flic Flac Circus. Esperava-se uma actuação vibrante e animada, e foi isso que o público teve... no curto espaço de tempo que durou o concerto. A banda do Porto revisitou o seu primeiro álbum, com destaque para 6 Little Monsters, Jean Michel e Flic Flac Circus, que arrancaram os pés do público do chão do pavilhão. Marta Ren esteve ao seu nível habitual (extraordinário), e a sua voz foi acompanhada por 7 brihantes músicos. O lado menos bom do concerto foi apenas a sua duração, de uns curtos 35 minutos. Ao que se apurou, foi por decisão da própria banda que a actuação se ficou pelas sete músicas.
O giradiscos aproveita este espaço para fazer um apelo aos Sloppy: Não nos tornem a cortar as asas desta maneira. Deixar um público receptivo e entusiasta no auge de uma actuação, sedento e à espera de mais, aumenta os riscos de depressão e esgotamentos nervosos. E correm rumores de que os Sloppy não têm uma grande aceitação em Lisboa. Isso não é verdade. Não tomem o concerto do Santiago Alquimista, em Dezembro passado, como exemplo. Aqui em baixo gosta-se muito da vossa música. Voltem sempre que serão muito bem recebidos.
Rádio Macau
Os Rádio Macau estão de regresso, e continuam em forma. Com uma bateria e uma guitarra hiperactiva (Flak, meu grande maluco!!!), Xana não precisou de se esforçar muito para agradar ao público. Bastou revisitar alguns dos clássicos da banda, como O Anzol, Amanhã É Sempre Longe Demais e O Elevador Da Glória (cantado em uníssono com o público), tocar uma versão aústica de O Tempo, e dedicar Guarda À Faca a George W. Bush (de novo - o homem esteve muito requisitado ontem) para que o público aplaudisse sonoramente na despedida.
Terrakota
Regressados do Senegal, os Terrakota encerraram a noite de concertos, no outro ponto alto da noite. A banda apresentou temas novos, que serão incluidos no novo album (que ainda está no "prelo"), que promete ser um excelente sucessor o disco de estreia. Novas sonoridades e novos instrumentos, com espírito de sempre, mantêm os Terrakota no topo das novas bandas portuguesas. Mas não só de novos temas viveu o concerto. Abriu com Inch Allah, passou por Sonhador e Curruputu, e acabou, em encore com Bolomakoté. Tudo junto resultou num concerto contagiante, com uma variedade de ritmos, em que era evidente a excelente química que flui entre a banda e os fãs. Terrakota deram o grande concerto da Festa do Bloco.
E foi uma festa, pá.
Texto: J / Fotos: Dracul
Legendary Tiger Man
Fuck Christmas, Fuck Easter, I got the Blue's Machine. Paulo Furtado é o verdadeiro "One man band", e ontem demonstrou-o mais uma vez. Sem se incomodar com quem ainda jantava (aliás, a música ajudava a empurrar a comidinha), Tiger Man deu um show que ia atraindo cada vez mais espectadores. O concerto, que contou com o habitual convidado especial, Zé Pedro (Xutos & Pontapés), terminou em grande, e nem o facto de não terem acedido ao pedido de desligar as luzes do pavilhão estragou a boa performance (Desculpa lá Tiger, mas o pessoal tem que ver o que leva à boca). Este sim, é o verdadeiro Tigrão!!!
Nota para futuros concertos: Pessoal, este homem gosta de calor humano. No próximo concerto cheguem-se à frente logo de início.
Chullage
"Para todos os oprimidos que o querem deixar de ser", Chullage tem a receita. O MC do Seixal apresentou música de intervenção numa forma especial e sua. A mensagem está lá, e Chullage demonstra que é necessário adaptar a forma como se passa essa mensagem, a uma realidade em constante mutação. A dedicatória de um pequeno refrão a George W. Bush caiu bem no público, que a partir daí animou. Ladeado por boas vozes e DJ (apesar do pequeno percalço, mas que deu para soltar uns risos entre o público), Chullage aqueceu um palco principal ainda frio, e desentorpeceu os músculos do público, preparando-os para o que se seguiria.
Sloppy Joe
Num dos pontos altos da noite, os Sloppy Joe vieram a Lisboa divulgar Flic Flac Circus. Esperava-se uma actuação vibrante e animada, e foi isso que o público teve... no curto espaço de tempo que durou o concerto. A banda do Porto revisitou o seu primeiro álbum, com destaque para 6 Little Monsters, Jean Michel e Flic Flac Circus, que arrancaram os pés do público do chão do pavilhão. Marta Ren esteve ao seu nível habitual (extraordinário), e a sua voz foi acompanhada por 7 brihantes músicos. O lado menos bom do concerto foi apenas a sua duração, de uns curtos 35 minutos. Ao que se apurou, foi por decisão da própria banda que a actuação se ficou pelas sete músicas.
O giradiscos aproveita este espaço para fazer um apelo aos Sloppy: Não nos tornem a cortar as asas desta maneira. Deixar um público receptivo e entusiasta no auge de uma actuação, sedento e à espera de mais, aumenta os riscos de depressão e esgotamentos nervosos. E correm rumores de que os Sloppy não têm uma grande aceitação em Lisboa. Isso não é verdade. Não tomem o concerto do Santiago Alquimista, em Dezembro passado, como exemplo. Aqui em baixo gosta-se muito da vossa música. Voltem sempre que serão muito bem recebidos.
Rádio Macau
Os Rádio Macau estão de regresso, e continuam em forma. Com uma bateria e uma guitarra hiperactiva (Flak, meu grande maluco!!!), Xana não precisou de se esforçar muito para agradar ao público. Bastou revisitar alguns dos clássicos da banda, como O Anzol, Amanhã É Sempre Longe Demais e O Elevador Da Glória (cantado em uníssono com o público), tocar uma versão aústica de O Tempo, e dedicar Guarda À Faca a George W. Bush (de novo - o homem esteve muito requisitado ontem) para que o público aplaudisse sonoramente na despedida.
Terrakota
Regressados do Senegal, os Terrakota encerraram a noite de concertos, no outro ponto alto da noite. A banda apresentou temas novos, que serão incluidos no novo album (que ainda está no "prelo"), que promete ser um excelente sucessor o disco de estreia. Novas sonoridades e novos instrumentos, com espírito de sempre, mantêm os Terrakota no topo das novas bandas portuguesas. Mas não só de novos temas viveu o concerto. Abriu com Inch Allah, passou por Sonhador e Curruputu, e acabou, em encore com Bolomakoté. Tudo junto resultou num concerto contagiante, com uma variedade de ritmos, em que era evidente a excelente química que flui entre a banda e os fãs. Terrakota deram o grande concerto da Festa do Bloco.
E foi uma festa, pá.
Texto: J / Fotos: Dracul
sábado, abril 03, 2004
FESTA DO BLOCO: Tora Tora Big Band, Sérgio Godinho (com Vitorino), Camané, Mísia, Mário Laginha
A Festa do Bloco começou ontem no Pavilhão Terlis, um recinto meio escondido (mas não necessariamente pequeno) ali para os lados das Docas de Alcântara. Com as bandeiras do Bloco a guiarem o caminho a partir da estação de Alcântara-Mar, entramos para um recinto ainda à espera de mais calor humano, de comida e de música.
Pouco depois, e ainda com muita gente a procurar onde e o que comer, Mário Laginha entra em palco para um recital que foi ganhando atenção e espectadores com o passar do tempo. Com o aproximar do final, já era preciso mover cadeiras da área dos restaurantes para quem o queria apreciar sentado. Improvisações, músicas mais conhecidas e outras nem tanto, com um Laginha bastante comunicativo, num bom começo de actividades musicais nesta Festa.
Após um pequeno intervalo, para vestir o palco dos instrumentos necessários às actuações seguintes, seguiu-se a actuação de Mísia. Um alinhamento heterogéneo, que começou com Adivinha (letra de José Saramago) e Lágrima (Amália Rodrigues), viu a introdução do violino a partir de Sem Saber (Vasco Graça Moura) e teve um dos momentos altos na penúltima música, Raiz, com letra de Sérgio Godinho (antes da actuação em nome próprio) e música de Carlos Paredes. Aclamação de pé, depois do regresso ao palco para mais uma música, e uma actuação inspirada de Mísia, acompanhada também à guitarra portuguesa e viola clássica pelos músicos que acompanham Camané.
Por esta festa passou também Camané, que entrou logo a seguir.
Para os menos atentos ao Fado, esta foi uma oportunidade de saborear as suas viagens. Fez-se um curto passeio por Lisboa, falou-se do seu filho Bairro Alto, falou-se do amor, de mulheres, de sonhos, da melancolia.
Escutar a voz de Camané é percorrer tudo isto com os olhos e com o coração.
Vários são os autores dos poemas cantados, de José Mário Branco a David Mourão-Ferreira, de Manuela de Freitas, Júlio de Sousa a João Monge, passando em revista Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa.
Um concerto de Camané é sempre um pretexto para uma viagem interior, acompanhado com a belíssima guitarra portuguesa de José Manuel Neto, a viola de Carlos Manuel Proença e o contrabaixo de Paulo Paz, mesmo para quem habitualmente não ouve Fado.
Mantendo sempre a sua postura tímida e de poucas palavras, este concerto não foi excepção. Mas, palavras para quê? Apanhe-se boleia da sua voz, e o caminho a partir daí, é para quem se deixar levar.
Chegava o ponto alto da noite, e Sérgio Godinho começou logo por nos dar Horas Extraordinárias, necessárias à visita guiada pela esburacada encruzilhada do amor, e para o encontro com o galo que é dono dos ovos. José Mário Branco foi lembrado antes do Charlatão, na lembrança de uma música escrita ainda o 25 de Abril não era nascido, «quando a revolução ainda não era uma criança». O Fadinho da Prostituta da Rua de Stº António da Glória foi escrito por António Lobo Antunes para Vitorino, que este cantou com Sérgio Godinho em palco, assim como o Barnabé, que não se sabe porquê, mas que é diferente dos outros lá isso é.
Espalhem a notícia, a Etelvina está entre nós! E o Camané também, que volta ao palco para compensar a ausência do previsto Tito Paris, para nos dar mais um espantoso dueto, por intermédio da Maria, em mais ensaios de irmãos do meio.
O encanto das músicas continua com um brilhozinho nos olhos, convida-se o Sr. Presidente (e os seus assessores) a entrar e pôrem-se à vontade, para podermos à beira-rio viver a beleza de uma Lisboa que amanhece.
Se agora a revolução é uma criança, há muito mais para fazer, e relembrar que só há liberdade quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação, para toda a gente ouvir, já que o Coro das Velhas leva os seus gritos bem alto, e traz o povo que canta e salta para junto ao palco. É em festa total que cantamos o 1º dia do resto das nossas vidas e quatro quadras soltas, por entre dois regressos ao palco e a aclamação total, de um mar de gente que ali se reuniu.
Apenas mais um concerto de Sérgio Godinho, com tudo o que isso tem de bonito e alegre.
Após a saída de muitos dos convivas, que já se fazia tarde, o fim de festa estava reservado à Tora Tora Big Band. Ainda assim, foram muitos os que ficaram e puderam dançar e entrar no espírito desta grande banda (pudera, com 12 músicos em palco) que o é de mais que uma forma. Eles vêm do Brasil e da América, da Alemanha e da Dinamarca, vêm de todo o mundo para nos dar música para dançar: e conseguem-no. Ou pelo menos deixam todos bem dispostos, que o cansaço já não permite muito mais. Liderados por Francesco Valente no baixo, um italiano que também toca nos Terrakota (assim como o baterista David Rodrigues e o percussionista Junior), a banda apoia-se fortemente na secção de metais, composta por 7 elementos, numa constante dança no palco. De destacar também o pianista, que nalgumas músicas assumia o centro do palco para nos brindar com uma actuação no acordeão.
O som Tora Tora mandou-nos para casa com um sorriso nos lábios e a vontade de prosseguir com a festa, umas horas depois.
Texto: Dracul; Maria João (Camané) / Fotos: Dracul
Pouco depois, e ainda com muita gente a procurar onde e o que comer, Mário Laginha entra em palco para um recital que foi ganhando atenção e espectadores com o passar do tempo. Com o aproximar do final, já era preciso mover cadeiras da área dos restaurantes para quem o queria apreciar sentado. Improvisações, músicas mais conhecidas e outras nem tanto, com um Laginha bastante comunicativo, num bom começo de actividades musicais nesta Festa.
Após um pequeno intervalo, para vestir o palco dos instrumentos necessários às actuações seguintes, seguiu-se a actuação de Mísia. Um alinhamento heterogéneo, que começou com Adivinha (letra de José Saramago) e Lágrima (Amália Rodrigues), viu a introdução do violino a partir de Sem Saber (Vasco Graça Moura) e teve um dos momentos altos na penúltima música, Raiz, com letra de Sérgio Godinho (antes da actuação em nome próprio) e música de Carlos Paredes. Aclamação de pé, depois do regresso ao palco para mais uma música, e uma actuação inspirada de Mísia, acompanhada também à guitarra portuguesa e viola clássica pelos músicos que acompanham Camané.
Por esta festa passou também Camané, que entrou logo a seguir.
Para os menos atentos ao Fado, esta foi uma oportunidade de saborear as suas viagens. Fez-se um curto passeio por Lisboa, falou-se do seu filho Bairro Alto, falou-se do amor, de mulheres, de sonhos, da melancolia.
Escutar a voz de Camané é percorrer tudo isto com os olhos e com o coração.
Vários são os autores dos poemas cantados, de José Mário Branco a David Mourão-Ferreira, de Manuela de Freitas, Júlio de Sousa a João Monge, passando em revista Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa.
Um concerto de Camané é sempre um pretexto para uma viagem interior, acompanhado com a belíssima guitarra portuguesa de José Manuel Neto, a viola de Carlos Manuel Proença e o contrabaixo de Paulo Paz, mesmo para quem habitualmente não ouve Fado.
Mantendo sempre a sua postura tímida e de poucas palavras, este concerto não foi excepção. Mas, palavras para quê? Apanhe-se boleia da sua voz, e o caminho a partir daí, é para quem se deixar levar.
Chegava o ponto alto da noite, e Sérgio Godinho começou logo por nos dar Horas Extraordinárias, necessárias à visita guiada pela esburacada encruzilhada do amor, e para o encontro com o galo que é dono dos ovos. José Mário Branco foi lembrado antes do Charlatão, na lembrança de uma música escrita ainda o 25 de Abril não era nascido, «quando a revolução ainda não era uma criança». O Fadinho da Prostituta da Rua de Stº António da Glória foi escrito por António Lobo Antunes para Vitorino, que este cantou com Sérgio Godinho em palco, assim como o Barnabé, que não se sabe porquê, mas que é diferente dos outros lá isso é.
Espalhem a notícia, a Etelvina está entre nós! E o Camané também, que volta ao palco para compensar a ausência do previsto Tito Paris, para nos dar mais um espantoso dueto, por intermédio da Maria, em mais ensaios de irmãos do meio.
O encanto das músicas continua com um brilhozinho nos olhos, convida-se o Sr. Presidente (e os seus assessores) a entrar e pôrem-se à vontade, para podermos à beira-rio viver a beleza de uma Lisboa que amanhece.
Se agora a revolução é uma criança, há muito mais para fazer, e relembrar que só há liberdade quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação, para toda a gente ouvir, já que o Coro das Velhas leva os seus gritos bem alto, e traz o povo que canta e salta para junto ao palco. É em festa total que cantamos o 1º dia do resto das nossas vidas e quatro quadras soltas, por entre dois regressos ao palco e a aclamação total, de um mar de gente que ali se reuniu.
Apenas mais um concerto de Sérgio Godinho, com tudo o que isso tem de bonito e alegre.
Após a saída de muitos dos convivas, que já se fazia tarde, o fim de festa estava reservado à Tora Tora Big Band. Ainda assim, foram muitos os que ficaram e puderam dançar e entrar no espírito desta grande banda (pudera, com 12 músicos em palco) que o é de mais que uma forma. Eles vêm do Brasil e da América, da Alemanha e da Dinamarca, vêm de todo o mundo para nos dar música para dançar: e conseguem-no. Ou pelo menos deixam todos bem dispostos, que o cansaço já não permite muito mais. Liderados por Francesco Valente no baixo, um italiano que também toca nos Terrakota (assim como o baterista David Rodrigues e o percussionista Junior), a banda apoia-se fortemente na secção de metais, composta por 7 elementos, numa constante dança no palco. De destacar também o pianista, que nalgumas músicas assumia o centro do palco para nos brindar com uma actuação no acordeão.
O som Tora Tora mandou-nos para casa com um sorriso nos lábios e a vontade de prosseguir com a festa, umas horas depois.
Texto: Dracul; Maria João (Camané) / Fotos: Dracul
sexta-feira, abril 02, 2004
Concerto: Primitive Reason com Three and a Quarter e Nagual
O Paradise Garage, em Lisboa, recebeu ontem a Primitive Club Tour 2004 (de regresso a casa), onde os Primitive Reason convidaram os Nagual e os Three and a Quarter para lhes fazer companhia.
Nagual
Com os Nagual, Guillermo de Llera regressa a um "full-time job" no baixo (o que é sempre de louvar). A banda apresenta-se (ou são apresentados) como "divagando pela fusão das variantes do rock moderno com os ritmos e sonoridades indígenas das Américas". Assim sendo, a guitarra acústica (a soar a elétrica) de Ricardo Abreu representaria o rock, a bateria do brasileiro Cris Merg marcaria o ritmo indígena, e o baixo de Guillermo faria de "fusão". Aceita-se a teoria.
A pequena amostra apresentada ontem deixa transparecer uma grande homogeneidade entre os temas, com sonoridades muito idênticas. Mas, como se disse, a amostra foi pequena, e os Nagual são uma banda a reter, enquanto se espera por mais desenvolvimentos. A esta hora, o público ainda estava muito concentrado nas imperiais e afins, e dava pouca atenção ao palco.
Three And a Quarter
Com a entrada dos Three And a Quarter o público aflui à boca do palco, e aos primeiros acordes já tudo saltava e pulava, ainda fresquinhos e de garganta saciada. Verdade seja dita, a música deste trio do mundo, puxava até pelo espectador mais céptico. Nos sons que os instrumentos cuspiam, os Primitive Reason encontravam os Sublime, e surfava-se pelas cabeças do público. No final, a sonoridade mudou um pouco, e deixou desconfiados alguns dos presentes. De qualquer maneira, os moços merecem nota positiva. Já agora, alguém sabe o que é que o baterista/baixista trazia às costas?
Primitive Reason
Finalmente, os Primitive estavam em casa. Depois de uma digressão pelo país, num circuito de recintos de lotação limitada, a apresentar o novo baterista (Nélson, estás aprovado!!!), a banda regressou a Lisboa, e tinha uma casa cheia à sua espera. O concerto passeou-se por toda a discografia, desde Alternative Prison ao Firescroll. Apurou-se dos talentos vocais dos manos Beja, que substituíram o saudoso Brian Jackson em temas como Clocking, Bobo Grey e Hipócrita. Os principais temas do último disco também marcaram presença, como Dinero, The Cost e White Tree, mas notou-se o peso dos últimos concertos na voz de Guillermo (frequentemente refrescada com garrafinhas de Heineken). Quando tal acontecia, o público dava uma mãozinha e cantava também, ou tão bem, que perto do final de Kindian, a assistência foi brindada com um elogio ("Vocês sabem!!!"), depois de ter acompanhado a banda desde a primeira à última sílaba. Outro destaque positivo vai para o brilhante uso de uma guitarra portuguesa em In With The Old. Assim se mostra o que é ser alternativo. No final, e antes da "caminha", os Primitive "partiram tudo", e deixaram um público cansado, mas com vontade e força para mais, se a casa deixasse.
Um muito obrigadinho aos senhores do Garage, por não permitirem que esta reportagem tivesse mais que uma fotografia. (Thanks for nothing, you #$*?!)
Texto: J / Foto (Nagual): Dracul
Nagual
Com os Nagual, Guillermo de Llera regressa a um "full-time job" no baixo (o que é sempre de louvar). A banda apresenta-se (ou são apresentados) como "divagando pela fusão das variantes do rock moderno com os ritmos e sonoridades indígenas das Américas". Assim sendo, a guitarra acústica (a soar a elétrica) de Ricardo Abreu representaria o rock, a bateria do brasileiro Cris Merg marcaria o ritmo indígena, e o baixo de Guillermo faria de "fusão". Aceita-se a teoria.
A pequena amostra apresentada ontem deixa transparecer uma grande homogeneidade entre os temas, com sonoridades muito idênticas. Mas, como se disse, a amostra foi pequena, e os Nagual são uma banda a reter, enquanto se espera por mais desenvolvimentos. A esta hora, o público ainda estava muito concentrado nas imperiais e afins, e dava pouca atenção ao palco.
Three And a Quarter
Com a entrada dos Three And a Quarter o público aflui à boca do palco, e aos primeiros acordes já tudo saltava e pulava, ainda fresquinhos e de garganta saciada. Verdade seja dita, a música deste trio do mundo, puxava até pelo espectador mais céptico. Nos sons que os instrumentos cuspiam, os Primitive Reason encontravam os Sublime, e surfava-se pelas cabeças do público. No final, a sonoridade mudou um pouco, e deixou desconfiados alguns dos presentes. De qualquer maneira, os moços merecem nota positiva. Já agora, alguém sabe o que é que o baterista/baixista trazia às costas?
Primitive Reason
Finalmente, os Primitive estavam em casa. Depois de uma digressão pelo país, num circuito de recintos de lotação limitada, a apresentar o novo baterista (Nélson, estás aprovado!!!), a banda regressou a Lisboa, e tinha uma casa cheia à sua espera. O concerto passeou-se por toda a discografia, desde Alternative Prison ao Firescroll. Apurou-se dos talentos vocais dos manos Beja, que substituíram o saudoso Brian Jackson em temas como Clocking, Bobo Grey e Hipócrita. Os principais temas do último disco também marcaram presença, como Dinero, The Cost e White Tree, mas notou-se o peso dos últimos concertos na voz de Guillermo (frequentemente refrescada com garrafinhas de Heineken). Quando tal acontecia, o público dava uma mãozinha e cantava também, ou tão bem, que perto do final de Kindian, a assistência foi brindada com um elogio ("Vocês sabem!!!"), depois de ter acompanhado a banda desde a primeira à última sílaba. Outro destaque positivo vai para o brilhante uso de uma guitarra portuguesa em In With The Old. Assim se mostra o que é ser alternativo. No final, e antes da "caminha", os Primitive "partiram tudo", e deixaram um público cansado, mas com vontade e força para mais, se a casa deixasse.
Um muito obrigadinho aos senhores do Garage, por não permitirem que esta reportagem tivesse mais que uma fotografia. (Thanks for nothing, you #$*?!)
Texto: J / Foto (Nagual): Dracul
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